Para adentrar em cenários desafiadores, algum cenário de certeza ou probabilidades precisamos ter primeiro. Toda nova jogada exige estratégia e a procura pelo caminho com menores chances de riscos. Esse é o papel das provas de conceito, as ditas POCs, servindo para validar uma ideia de produto, como o caso de aplicativos.
Por envolver um investimento financeiro e de esforço maior para a execução de um projeto de software, as decisões acerca do aplicativo devem ter os riscos mitigados para evitar grandes prejuízos na hora de criar um aplicativo, por exemplo.
Por isso, neste artigo irei aprofundar nas provas de conceito, como melhor construí-las e expor os conselhos da software house de aplicativos Usemobile sobre o tema.
Vamos conferir?
O que é POC?
POC é a abreviação da expressão inglesa proof of concept. Seja através de um protótipo, documentação conceitual, prova de viabilidade, dentre outros formatos, a prova de conceito servirá para testar hipóteses levantadas para a solução de um problema ou validação de uma ideia. Seu papel é criar um teste controlado para que sejam tomadas as melhores decisões acerca de um tema.
Com a POC construída, a equipe responsável pela gestão do produto poderá usar ferramentas e analisar cenários, como o caso de testes de garantia de qualidade e também de experiência do usuário com testes de usabilidade.
Tipos aplicação de prova de conceito
Em função de existirem diferentes motivos para se criar uma prova de conceito, há também diferentes tipos de POCs:
Documentação conceitual
Também chamado de concept paper, a documentação conceitual irá definir o valor do produto sob o ponto de vista do cliente e as principais características do novo produto. Nele vem descrito a contexto de negócio, definições de metas, as etapas de desenvolvimento, dentre outras informações relevantes que tragam clareza acerca do projeto a ser desenvolvido.
Viabilidade técnica
Se trata de um teste acerca das definições técnicas, como verificar se compensa mais um aplicativo ser nativo ou híbrido, ou um tipo diferente de arquitetura de software, bem como um framework.
Demonstração em ambiente controlado
Seja para apresentar para investidores, diretoria ou na equipe interna, a demonstração em ambiente controlado é um momento para a POC ser apresentada. Durante esse momento laboratorial, simulações e cenários são apresentados para mostrar as vantagens da POC, seus avanços, dentre outros.
Um exemplo palpável dentro do mundo cinematográfico é a cena de Homem-Aranha (2004), no qual o personagem do Dr. Octopus apresenta sua prova de conceito de energia nuclear:
Testes de usabilidade
O time de experiência do usuário deve ter muita atenção ao como ofertar o melhor para os usuários. Para se ter clareza de qual é o melhor cenário, a POC precisa ser testada por usuários reais. Para isso, podem ser desenvolvidos protótipos, sejam eles no Figma para demonstrações, ou desenvolvido um app mais simples para a finalidade de testagem.
Protótipo de software
O protótipo é utilizado para experimentar as hipóteses e realizar as análises. Se tratando de um aplicativo, a POC pode ser testada com colaboradores da própria software house empenhada no desenvolvimento dela.
Esse foi o caso do desenvolvimento do aplicativo da Eva Benefícios. Após levantada a ideia de novo produto internamente na Usemobile, a equipe de desenvolvimento se empenhou em procurar recursos mínimos e a viabilidade de fazer o app em Flutter.
Para isso, uma prova de conceito foi criada para uma fase de testes internos, sendo verificada a viabilidade técnica, a usabilidade, dentre outros, captando feedbacks e funcionalidades incrementais para transformá-la num aplicativo MVP e, assim, disponibilizá-lo no mercado.
Diferença de POC para MVP
Tendo em vista que uma POC pode ser evoluída para um MVP, é plausível a confusão entre ambos.
No entanto, a proof of concept tem o objetivo de validação técnica ou conceitual, apenas com o objetivo demonstrativo. Em contrapartida, o MVP, cujo significado é mínimo produto viável, já se trata de um produto mais robusto em comparação a prova de conceito.
Se tratando de um aplicativo, um app MVP já terão definidas as suas arquiteturas, frameworks e bibliotecas, dentre outros fatores técnicos, bem como critérios para a experiência do usuário e relações de negócio para lançá-lo ao mercado.
Ou seja, uma prova de conceito não está preparada para chegar ao mercado, enquanto que o MVP já pode ser a versão 1 a ser disponibilizada na loja de aplicativos. Pode-se dizer que o MVP é a POC refinada e aprimorada.
Benefícios da POC para aplicativos?
As vantagens de se desenvolver uma prova de conceito já ficou evidenciada ao que já foi debatido até então. Porém, compensa um reforço para definir quais são:
Conferir viabilidade técnica
Na etapa de levantamento de requisitos, o analista de requisitos precisa investigar o melhor cenário para o desenvolvimento do aplicativo. Para isso, é necessário o contato com o Product Owner e desenvolvedores para alinhar as hipóteses de melhor estratégia técnica para o protótipo.
Validação de mercado
A prova de conceito não será levada ao mercado, isso porque esse é o papel do aplicativo MVP. Contudo, o protótipo pode ser usado para testes internos, como um benchmark de mercado.
Após estruturado um plano de negócios, a POC servirá para conferir se ela atende aos requisitos de negócio e se conceitualmente atende às expectativas do mercado.
Melhores tomadas de decisão
Se tratando de uma prova de conceito, o que for necessário para “bater o martelo” irá aparecer durante essa etapa. Por isso, as POCs são fundamentais para existirem, tanto para mapear todo o cenário quanto para posteriores validações.
Não à toa, um tipo de prova de conceito é a documentação, essa que irá munir a equipe por trás da POC e ajudar os stakeholders, em especial diretorias, a se guiarem para tomar as melhores decisões.
A equipe por trás da POC de softwares e aplicativos?
A criação de provas de conceito faz parte da gestão de produtos. Isso significa que há um gerente de produtos envolvido no processo. Quanto o assunto é a POC de um aplicativo ou software, pode-se assumir que haverá a presença também de:
- product owner
- equipe de desenvolvimento
- equipe de marketing
- UI/UX designers
Cada empresa ou equipe terá seu próprio cenário, podendo conter equipes multidisciplinares ou diferentes talentos que façam sentido para cada aplicativo. Porém, nenhuma formação de equipe pode excluir da prova de conceitos os pontos de vista de negócios, tecnológico e design de interfaces com ênfase em experiências, isso se tratando de aplicativos.
Essas são validações importantes de aparecer nessa fase inicial de ideia de um aplicativo.
Vale a pena terceirizar o desenvolvimento de uma POC?
A resposta dependerá de como está estruturada a equipe. Considerando que a POC pode ser um documento de concepção, é plausível que os responsáveis por essa documentação não possuam habilidades técnicas. Para tal, a terceirização do desenvolvimento se faz uma solução.
Ademais, uma possibilidade também é levar a POC para uma empresa de desenvolvimento para que, a partir de reuniões comerciais, sejam validadas a parte tecnológica do software ou aplicativo.
Dicas para fazer uma POC de app bem sucedida
Para garantir o sucesso da prova de conceito, é importante tomar alguns cuidados para que ela seja executada da melhor forma possível, como:
Defina os objetivos da POC do aplicativo
Afinal, qual é o conceito que você quer validar? Quais os resultados que a ideia pode resultar e o que é esperado?
Essas são perguntas que norteiam os objetivos da POC. A partir disso fica fácil de entender o que exatamente será testado, como serão realizados os testes, as ferramentas para acompanhamento, o que observar sobre o mercado, dentre outros fatores relevantes.
Alguns exemplos de objetivos de validação podem ser:
- Funcionalidades
- Aceitação do público no mercado
- Performance técnica
- Estratégias de marketing e vendas
Identifique as features necessárias
Para detectar funcionalidades, é importante passar pela etapa de benchmark, a qual servirá para um comparativo entre sua ideia e os produtos já disponíveis no mercado. A partir disso que são entendidos como a concorrência se posiciona, boas práticas e ideias de como oferecer uma vantagem de forma diferenciada.
Em seguida ao benchmark, os wireframes já podem ser desenhados para auxiliar no momento de criar as telas do protótipo.
Escolha métricas condizentes
Cada tipo de objetivo para a POC irá exigir métricas personalizadas para que elas indiquem a performance da prova.
Para uma experimentação técnica, métricas de performance como taxas de crash ou então tamanho do arquivo do aplicativo em megabytes são algumas consideráveis. A primeira se esbarra na experiência do usuário, enquanto que a segunda implica em lojas de aplicativos, as quais possuem um limite de upload dos arquivos .apk.
Há ainda outras métricas relevantes, como:
- Tempo de carregamento;
- Tempo de duração em telas;
- Swipes;
- Cliques;
- etc.
Importante ressaltar também que as métricas são personalizáveis. Durante a fase de design já podem ser pensadas em comportamentos esperados que fazem sentido serem rastreados. Para tal, podem ser criados eventos de escuta no Firebase, por exemplo. Por isso, é muito importante ter um plano de mensuração:
Crie o protótipo
Chegou o momento de colocar a mão na massa para fazer a coisa acontecer. O protótipo será o resultado de todo o estudo feito previamente.
A prototipação pode ser realizada tanto através de plataformas app builders, através de códigos com a equipe de desenvolvimento ou então usando ferramentas de prototipação, como o caso do Figma:
Colha feedbacks
Coloque o protótipo para rodar entre usuários reais e/ou seu ambiente controlado e colha os feedbacks necessários. Esse é o momento de entrevistar pessoas e olhar para as ferramentas de analytics para a coleta de dados.
Conclua a prova
Com todas as informações em mãos, basta analisar o que foi coletado para responder se o seu objetivo foi alcançado com este teste, ou não.
Quando evoluir a POC para MVP? Conselhos da Usemobile
Pedi a opinião do gestor de projetos da Use, o Arilton Nunes, e também do UI/UX Designer Joaquim Júnior.
A resposta “nua e crua”, segundo o Arilton, que a POC deve evoluir quando ela funciona, afinal, esse é o único objetivo: verificar a viabilidade. Então, a partir dela já é possível entender qual é o seu MVP. Joaquim complementa dizendo que “se a hipótese se mostrar verdadeira, prossiga”.
Mas atenção!
Não há um tempo fixo! O período para a validação da POC depende de cada tipo de projeto e quais foram as metas e objetivos traçados. Se for determinado que o objetivo é ter 100 usuários com o nível de satisfação de 90%, pode acontecer disso acontecer entre 6 meses, como destacou o Arilton.
Com isso, vale a pena revisar critérios e espaço amostral para validar melhor sua hipótese no tempo considerado hábil por você e sua equipe.
Aproveito para reforçar também que, conceitualmente, a meta é um objetivo, porém com prazo determinado. Se não houver um período atribuído, você terá apenas um objetivo e não uma meta. Por isso, elas devem ser muito bem pensadas e relacionadas, evitando criar metas irreais. Assim, é imprescindível a constante atenção e revisão para essa conferência.
Ficou alguma dúvida? É só deixar nos comentários que te respondo!
