As startups geralmente começam desenvolvendo um plano de negócios por um de dois motivos. Ou elas acreditam que ele será benéfico para aliar os ideais da equipe fundadora em torno de uma estratégia compartilhada, ou porque precisam levantar fundos através de investidores. Independentemente do motivo primário, saber como fazer um plano de negócios é crucial para estabelecer um norte, um campo seguro de compreensão e ação estratégica para seu projeto.
Ao longo deste artigo, você poderá conferir nosso passo a passo para criar seu primeiro plano de negócios.
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Motivo
O primeiro passo para criar um plano de negócios é desenvolver uma declaração de propósito. Ela resume os motivos pelos quais você se importa com a empreitada, sua motivação e inspiração para superar adversidades ao longo dos anos. Seus parceiros e investidores, seus futuros funcionários e seus clientes iniciais irão se identificar com o propósito por trás do negócio e do produto de forma ideal. As empresas de qualidade comunicam uma mensagem clara sobre o motivo de eles fazerem o que fazem – o propósito também reflete em como elas estabelecem relações de negócios e todas as decisões que elas tomam, em um processo chamado “clareza organizacional“. Seu empreendimento será feito com muito mais facilidade se a clareza de objetivos e transparência de valores estiverem no foco desde o princípio.
Por que você se importa com o negócio que você está prestes a criar, e com o aplicativo móvel que estará no centro dele? Descreva o propósito. Uma forma de chegar nele é resumindo o que você pretende construir na sentença mais simples possível, e então perguntar a si mesmo os motivos até que faltem respostas. A última resposta provavelmente será o seu propósito.
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Problemas e meta
Identifique os problemas dos clientes que você pretende alcançar, e como eles fazem para resolvê-los atualmente. Olhe para os problemas do ponto de vista do consumidor independentemente de qualquer ideia para solucioná-los, e compreenda as soluções correspondentes disponíveis. Muitas vezes, essas alternativas não são competidores óbvios e podem definir a chave diferencial do seu app.
Faça por fim um sumário sobre a meta de alto nível do seu aplicativo. Tipicamente essa declaração não é fácil de ser mensurada, exceto no sentido qualitativo. Derive a declaração de meta do seu propósito e faça uma lista dos problemas que o aplicativo resolverá, mas sumarizando ao invés de reafirmando.
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Segmentos de mercado
Primeiramente, defina o perfil de um “early adopter”, ou seja, daquele consumidor que será o primeiro a utilizar seu produto e não de um consumidor “mainstream”, que provavelmente só baixará seu aplicativo uma vez que ele tenha alcançado certa estatura. Tente descobrir quem poderia se identificar fortemente com os problemas e enxergaria o alto valor das soluções de forma imediata. Tenha em mente que os early adopters gostarão da sua solução, mas que muito provavelmente agirão baseados no seu propósito. Comece fazendo o brainstorm para chegar a uma lista de possíveis compradores que você visualiza usando seu aplicativo.
Observe a distinção entre consumidor e usuário. Divida os segmentos amplos de consumidores em partes menores, já que é impossível projetar, construir e posicionar um produto que funcione do mesmo jeito para todos. Mesmo que você esteja planejando desenvolver um produto mainstream, você precisa começar com um cliente específico em mente. Até mesmo o Facebook começou com um usuário específico: estudantes universitários. Este será o seu early adopter.
Esboce consumidores alvo para cada segmento, começando com o segmento que você considera compreender melhor ou o mais promissor. Por fim, faça uma lista dos elementos que os seus consumidores alvo acharão mais importantes na hora de adquirir o produto.
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Proposta de Único Valor
Desenvolva uma mensagem clara e atraente, que se identifique a partir do seu propósito. Essa frase servirá como guia para suas estratégias de marketing, criação de slogans, etc. Damos a essa mensagem o nome de UVP (Unique Value Proposition), ou seja, você deve definir aqui a Proposta Única de Valor para o seu aplicativo.
O principal objetivo da UVP é transformar um visitante inconsciente em um prospecto potencial. Essa mensagem será a “manchete” da sua landing page. A boa UVP é aquela que entra na cabeça do seu consumidor e lá permanece, descrevendo a proposta de valor segundo a perspectiva e a visão de mundo deles.
A chave para encontrar o diferencial do seu produto é derivar sua UVP diretamente do problema número um que seu app pretende solucionar. Outras técnicas envolvem focar nos benefícios que seu app promove em detrimento dos recursos, criar um pitch de alto conceito ou ainda a estratégia dos “benefícios de história finalizada”, que salientam os resultados finais e amplos do uso de um app. Por exemplo: se o seu app possui o recurso “templates profissionais”, o benefício pode ser “monte um currículo que se destaque”. A história finalizada seria “consiga o emprego dos seus sonhos”.
Foque no propósito, como você transmite esse propósito e o que você está proporcionando. Responda porquê, como e o quê, nessa ordem. Visite as landing pages de marcas que você admira, e desconstrua a UVP delas. Entenda o motivo delas funcionarem, e o que pode ou não funcionar no seu caso.
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Solução
Aqui você descreverá seu aplicativo. Defina o conjunto mínimo de recursos necessários para solucionar os seus três primeiros problemas, esboçando as capacidades e recursos direcionados a esses problemas. Não se perca demais tentando definir soluções completas. Simplesmente delineie resoluções possíveis para cada demanda listada inicialmente no seu plano de negócios, e esses recursos formarão a base do seu MVP (Minimum Viable Product).
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Canais
Comece construindo um caminho significativo para alcançar os clientes desde o princípio. Os canais são maneiras pelas quais você alcançará seu público, e quanto mais específica a sua definição de early adopter, mas fácil formular um canal preciso para atingi-los. Tenha em mente que há muitas opções de canais, muitas delas impossíveis de serem aplicadas à sua startup. Inicie com o outbound (como o seu network primário de referências) para encontrar os primeiros consumidores, mas comece a desenvolver e testar canais inbound assim que possíveis clientes chegarem a você.
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Lucro
Naturalmente, uma das maiores importâncias de saber como fazer um plano de negócios para o seu aplicativo é pensar de que forma ele retornará lucros a você e aos seus investidores. Essa é uma das partes mais arriscadas do seu modelo, e precisa ser planejada com cuidado o quanto antes. Mesmo que você não pretenda cobrar seus clientes de cara, é crucial articular como um negócio pode ser erguido em torno do seu produto.
Encontrar o preço do seu app exige muita pesquisa. Um bom jeito de começar é usando como âncoras os preços das soluções alternativas que os seus clientes usam atualmente, descritas na primeira parte do plano. A maioria dos apps focam em crescimento da base de usuários antes da monetização, mas existem outras opções, tais como:
- Publicidade In-app: não se cobra pelo uso do aplicativo, mas o usuário precisa lidar com propagandas de forma contínua e constante.
- Freemium: aplicativo gratuito com recursos restritos, liberados somente mediante a pagamento.
- Compras In-app: venda de bens físicos ou virtuais através do app.
- Assinatura: cobrança mensal ou anual para uso do aplicativo.
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Estrutura e Custos
Outra etapa crucial no seu plano de negócios, especialmente se você pretende usá-lo como base para financiamentos e conquistar investidores, é listar custos fixos e variáveis. Descreva os custos operacionais que serão exigidos no processo de jogar seu app no mercado. Pode ser difícil calcular esses números a longo prazo, então foque no presente. Quanto custará para entrevistar entre 30 e 50 consumidores? Quanto custará para construir e lançar seu MVP? Qual a projeção para perda de dinheiro ao longo do tempo? Use a estrutura de custo e os fluxos de rendimento para calcular seu ponto de equilíbrio financeiro (break-even point).
Como fazer um plano de negócios envolve a projeção de índices de desempenho, é importantíssimo entender os números-chave que definem como anda seu negócio em tempo real. Os índices-chave (key metrics) mapeiam as ações dos seus clientes e são críticos para encontrar as prioridades nas quais você deve manter o foco primeiro. Há diversas ferramentas que podem ser utilizadas para este propósito, e é primordial acompanhar estes índices ao longo dos vários estágios em que seu produto pode se encontrar.
Antes do produto ser criado e lançado, mantenha o foco nos índices de valor – ativação e retenção. Depois, concentre-se nos índices de crescimento, que envolvem aquisição e referências.
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Vantagem injusta
Essa seção normalmente é mais difícil de ser preenchida no seu plano de negócios, por isso a deixamos por último. Aqui você deve salientar vantagens concretas em relação aos seus oponentes, e como elas podem ser desenvolvidas ao longo do tempo. Compreenda a barreira que existe entre seu produto e seus competidores. Identifique que elementos do seu app não podem ser copiados ou comprados.
Criar o plano de negócios não é tarefa fácil
Criar um plano de negócios é uma tarefa intimidadora e complexa, exigindo pesquisa meticulosa. Tenha em mente que este é o momento ideal para criar confiança e mostrar transparência para que seus esforços combinados garantam a sobrevivência e o sucesso do seu aplicativo.
Quando você ainda não tem um app em mãos, você não deve “gastar neurônios” demais no seu plano de negócios. Enquanto você trabalha para criar o aplicativo e levá-lo ao mercado, vários pressupostos mudarão ou serão revisitados. Mas tendo as etapas acima como base para um plano, você sempre terá uma guia para orientar os processos de criação e teste, impedindo que você desperdice tempo valioso com elementos já planejados.
Agora que você já sabe como fazer um plano de negócios simples, uma boa ideia é desenvolver um roadmap para seu aplicativo. Ficou alguma dúvida ou você precisa de ajuda para tirar seu projeto do papel? Converse com a nossa equipe!
Texto Produzido por Caio Aniceto