Para toda etapa de criação de um novo produto, peça gráfica, protótipo ou layout, devemos entender primeiro a quem desejamos atender e quais dores resolver. Cada público tem suas próprias necessidades e particularidades que nós como criadores de soluções e produtos devemos nos atentar. A resposta para essa questão vem da UX Research.
Falando do ponto de vista da gestão de produtos de software e do design de interface, a pesquisa da experiência dos usuários é fundamental para definir principalidade, funcionalidades, tom de voz, cores, dentre outros fatores que devem ser considerados.
Aprofundaremos mais neste tema trazendo o contexto da UX Research a partir do desenvolvimento de aplicativos mobile. Vamos lá?
O que é UX Research?
Independente do porquê, uma coisa é certa: criamos soluções para pessoas, com problemas ou dificuldades que são parte do mundo real. Com isso, devemos entendê-las muito bem para garantir o mínimo de eficiência. Para alcançar este objetivo, precisamos dar um passo pra trás antes de cair no desenvolvimento: a pesquisa.
A importância dela é evitar nos basearmos em achismos e correr o risco de não atender verdadeiramente as necessidades das pessoas. Esse é o propósito da UX Research, sendo ela a pesquisa (research) para focada em oferecer a melhor experiência para os usuários (user experience ou ux).
Onde aplicar a UX Research?
A UX research é utilizada para diferentes fins, sendo eles:
- Teste de usabilidade: também chamado de Guerrila testing, essa é a pesquisa para compreender como os usuários utilizam o produto;
- Teste de campanha: profissionais de marketing também precisam testar suas campanhas. Pra isso, a ux research é a ferramenta para compreender o impacto e eficiência dos conteúdos veiculados nos diferentes canais;
- Testes a/b: estes testes são comumente associados para fins de CRO, isto é, otimização de conversões das ações de marketing. “Qual cor de botão gera mais cliques?” ou ainda “qual CTA mais causa impacto?”. Essas são perguntas feitas durante os testes a/b;
- Análise de concorrência: quase como um benchmarking, a análise de concorrência servirá para entender e qualificar o sentimento do público com as soluções já disponíveis no mercado, bem como compreender os seus diferenciais;
- Evolução de layouts: uma vez que a gestão de produtos visa a evolução deles, a ux research é a ferramenta necessária para manter os aplicativos, softwares e afins competitivos no mercado;
- outros.
UX Research exige código?
Mesmo que esteja associada à tecnologia como o caso de criação de aplicativos, os responsáveis pela pesquisa não precisam saber codar.
A UX Research pode ser aplicada em diferentes contextos, seja para atender uma melhor ergonomia quanto para a criação de telas, por exemplo. Por isso, ela não é exclusiva da tecnologia.
Os pesquisadores, também chamados de ux researchers, são os responsáveis por levantar as hipóteses, elaborar a proposta da pesquisa, os questionários, as entrevistas com as pessoas e, por fim, articular as informações levantadas para gerar o relatório do que foi percebido. Por isso, ux research não precisa de código.
Qual a diferença entre UX research e UX design?
A UX Research é o antecedente do UX design visto que a criação das telas se darão a partir das informações e resultados colhidos na etapa de pesquisa.
Ou seja, a ux research não resultará num produto pronto e sim uma ideia, protótipo ou POC que serão desenvolvidos numa outra esteira de produção – essa que partirá do UX design.
A confusão entre ambas as áreas é comum visto que elas visam o mesmo objetivo: oferecer uma melhor experiência para os usuários. Contudo, são coisas diferentes.
Quais são os tipos de pesquisas?
Tendo em vista que existem muitos propósitos para realizar uma UX research, possuímos dois tipos de pesquisas para alcançar os objetivos:
Quantitativa
Quando nos questionamos “qual será a marca de celular mais usada no mundo?”, nós estamos buscando por uma quantidade. Este é o objetivo de uma pesquisa quantitativa. Por isso, os questionários deste tipo de pesquisa possuem perguntas fechadas com a finalidade de quantificar.
A pesquisa quantitativa também serve para estimar o impacto de algo, determinar escalas de um problema, mensurar preferências, avaliação, dentre outras finalidades passíveis de quantificação.
Qualitativa
Já a pesquisa qualitativa vai num sentido oposto, servindo para responder “por que os usuários preferem o meu aplicativo ao invés do concorrente?”.
Os questionários já possuem perguntas abertas com o fim de colher respostas subjetivas. É nela que colheremos adjetivos, sentimentos, justificativas, dentre quaisquer outros questionamentos que precisem de uma elaboração da parte dos entrevistados e que representem suas opiniões.
Como fazer UX Research: os estágios da pesquisa
Para avançarmos na pesquisa de experiência dos usuários, precisamos das seguintes etapas:
Leia também: o que é design sprint? Como gerar protótipos rápido
Entendimento
Essa é uma das fases mais importantes de uma pesquisa, porque é a partir dela que buscamos entender quais são os problemas, necessidades ou desafios que as pessoas enfrentam.
Como já estamos vendo ao longo deste conteúdo, essa etapa é fundamental para definirmos com maior eficiência como resolver as questões levantadas.
Empresas que ignoram a fase de entendimento provavelmente oferecerão produtos com uma má experiência para os usuários, pois não representarão o que eles precisam e, com isso, gerar desinteresse em suas soluções. Esse desprendimento gera este afastamento e, com isso, resultados ruins.
Por isso, de nada adianta ter um excelente marketing para vender se o produto não entrega o esperado. Assim, evite ignorar o entendimento antes de iniciar uma pesquisa.
Durante o entendimento que observamos situações, levantamos as hipóteses, criamos os questionários e realizamos entrevistas. É a partir daqui que damos subsídios suficientes para a próxima etapa: a análise.
Análise
Após colher os resultados dos questionários das pesquisas qualitativas ou quantitativas (como já debatemos), chega-se a hora de articular informações.
Por enquanto, estamos no momento de total desconhecimento, apenas lidando com um material e tentando interpretá-lo. Esse material pode ser respostas abertas escritas ou gravadas, gravações de telas da interação dos usuários, planilhas do Google Sheets ou Excel recheadas de números, dentre outros tipos de dados.
Cabe ao ux researcher identificar padrões e conferir se o que foi levantado responde às hipóteses previamente levantadas. A importância das hipóteses é justamente evitar ficar no escuro, tendo um objetivo para se alcançar.
Este momento exige conhecimento e uma observação perspicaz, exigindo conhecimentos em métodos de análises de dados. Feito isso, estamos prontos para avançar para a ideação.
O livro “Universal Methods of Design” conta que existem 125 maneiras diferentes de pesquisar problemas complexos, desenvolver ideias inovadores e projetar soluções efetivas. Isso logo na capa do material.
Portanto, não existe o jeito certo de se fazer uma análise, mas sim aquela que mais fará sentido para o objetivo que se quer alcançar.
Ideação
Com os resultados e observações das análises, o ux researcher utiliza suas habilidades técnicas e bagagens de conhecimento e vivências para propor soluções inovadoras.
Por isso, este já é o momento de deixar as ideias fluírem!
A regra número um do brainstorm é não dizer “não”, pois tudo que é pensado e falado de alguma forma pode ser aproveitada ou pelo menos usado para definir quais os caminhos não seguir. Essa é uma forma de respeitar o nosso processo criativo.
Validação
Essa é a etapa a qual você se encontrará criando muitos mockups, rascunhos de protótipos tangíveis ou provas de conceitos. No entanto, mais do que criar, você também apresentará para pessoas reais para validar aquilo proposto por você.
Assim, a validação é a etapa da UX research para conferir o match entre as frustrações, desafios e necessidades detectadas na fase de entendimento com o que você propõe como solução.
Daqui já é possível dizer “não” para ideias e escolher aquela que melhor se destaca entre tantas levantadas na fase de ideação.
Leia também: qual a diferença entre POC e MVP?
Iteração
Iteração significa ciclo. O que quero dizer com isso é que as etapas da pesquisa são cíclicas, seja dentro delas mesmas ou o ciclo completo como um todo.
Isto é, podemos tornar a etapa de entendimento cíclica, pois acontece também de faltar informações e precisar reformular hipóteses antes de avançar para as demais etapas, e assim por diante.
O ciclo também se mantém quando finalizamos a pesquisa e desenvolvemos o produto final.
Importante ressaltar também que o produto final também é uma constante iteração uma vez que ele precisará ser revisado. Com isso, novas ux researches para complementar e desenvolver ainda mais o roadmap do produto.
Afinal, o mercado muda, o comportamento dos usuários e suas necessidades também. Assim, cabe ao time de produto estar atento para propor novas soluções ou otimizações.
Outras dicas para fazer uma boa UX Research
Certamente, há muitas outras coisas a serem aprofundadas neste assunto:
Onde realizar as pesquisas
Ainda é comum a prática de convidar pessoas para irem até os escritórios das empresas e realizar as pesquisas. No entanto, a pandemia acabou por incentivar diversas ferramentas para viabilizar o trabalho remoto.
Com isso, os processos de ux research também foram otimizados e passíveis de serem realizados remotamente.
Em caso das pesquisas remotas, recomendo as seguintes ferramentas:
- Google Forms: os formulários do Google são excelentes tanto para as pesquisas qualitativas quanto as quantitativas. A própria ferramenta já traz um resumo dos resultados, podendo visualizar respostas individualmente ou então em grupo, oferecendo resultados em percentuais, gráficos e outros.
- Maze: já para a etapa de validação e testes com usuários, o Maze é excelente para colocar os protótipos de layout em prova. Através dele é possível mensurar o tempo dos fluxos projetados, se os usuários cumpriram com as atividades esperadas, visualizar mapa de calor, dentre outras informações pertinentes para a etapa de validação.
Outra alternativa para realizar a ux research é terceirizando essa tarefa, que pode ser feita com empresas com a Opinion Box.
Como escolher o público
É importante sabermos identificar o público. Afinal, queremos resolver o problema deste grupo que chamamos de persona. Para tal, é importante termos definido as seguintes informações:
- Dados demográficos
- Dados socioeconômicos
- Dados comportamentais
- Segmentação
- Dados mercadológicos
- Maturidade do mercado
- Características físicas
- Características psicológicas
- Fatores sociais e pessoais
Para as pesquisas, podemos criar grupos de 5 a 20 pessoas para as entrevistas. Quando se trata de benchmark, pelo menos 40 pessoas é o ideal.
Templates de pesquisa
Uma vez que a área de UX já é consolidada no mercado, existem muitos frameworks, ferramentas e discussões que circulam no meio. Assim, se apoiar no que já foi feito e testado por outros profissionais é uma forma de acelerar o processo e ter maior garantia de estar acertando no processo.
Por isso, procure por essas ferramentas. Aproveite para conhecer o processo de pesquisa que realizamos aqui na Usemobile:
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