As mulheres estão presentes na tecnologia desde seu início. Inclusive, foram elas que deram grandes passos na história da tecnologia para se tornar o que conhecemos hoje.
Mesmo com essa presença marcante, quando paramos para observar os setores tecnológicos da maioria das empresas hoje, notamos um padrão. Grande parte dos profissionais são homens e, muitas vezes, brancos.
A partir dessa observação surgem algumas questões: por que não tem muitas mulheres? Por que, entre as mulheres que trabalham na área tecnológica, a maioria são cis e brancas?
Por isso, trago aqui formas de incentivar as mulheres na tecnologia, aumentando o volume delas na área. Bora lá?
Por que mulheres são minoria na tecnologia?
Pensar na resposta para essa pergunta envolve muitas causas diferentes. Refletindo em questões sociais, pode-se afirmar que isso está ligado a como a sociedade foi estruturada e que mulheres no mercado de trabalho é uma realidade relativamente recente.
Outro ponto a ser levantado é a questão da representatividade. Com poucas mulheres nesse mercado, outras mulheres podem entender que não pertencem àquele lugar.
Sem dúvida, questões sociais e econômicas são grandes fatores para isso. O que acaba, por consequência, afetando na educação.
Falta de incentivo na infância
Parando para analisar a questão da falta das mulheres na tecnologia, percebe-se que o problema começa desde muito cedo. Durante uma conversa no UseTalks sobre mulheres na tecnologia, a desenvolvedora e professora Bárbara Aguilar trouxe seu ponto de vista sobre o assunto:
“Socialmente mulheres são educadas para não errar e para serem cuidadoras. Não somos incentivadas desde sempre a buscar essas profissões (tecnológicas) e muitas vezes, quando a gente gosta, desde muito cedo, a gente é até barrada”
Sendo assim, desde cedo as mulheres acabam se inclinando para áreas de humanidade e linguagem, porque foi passado a elas que suas qualidades como mulheres se encaixam melhor nesses campos, isso do ponto de vista sexista. Visto que foram criadas para não cometer erros elas podem se sentir mal e se cobrar muito ao entrar em uma área de exatas, já que grande parte das exatas é tentativas e erros.
Seguindo daí, há a falta de incentivo quando essas meninas iniciam sua educação. Mesmo que meninos e meninas frequentem a mesma sala de aula, o incentivo é diferente para cada um. Meninas escutam que precisam ser comportadas e delicadas, e meninos escutam que precisam ser aventureiros e ir atrás de descobrir coisas.
Os meninos têm também mais liberdade para usar o computador e jogar videogames. Brinquedos considerados “para meninos” são voltados para o desenvolvimento lógico, o Lego, por exemplo. Isso faz com que os meninos criem familiaridades com equipamentos tecnológicos desde muito cedo.
Enquanto isso, as meninas são incentivadas a brincar de boneca e casinha, brincadeiras que remetem aos deveres como mãe e deveres domésticos.
Diferenças entre classes sociais e educação
Atualmente existem escolas que já estão implementando estudos de programação e tecnologia em sua grade. Entretanto, isso é uma realidade para poucos. A maioria das escolas que incentivam esse tipo de estudo são particulares, então poucas pessoas têm acesso.
Para complementar, pessoas que vivem em uma família em que a renda é baixa muitas vezes precisam começar a trabalhar desde muito cedo para ajudar no sustento da casa. Sem contar que, para quem falta os recursos básicos, a prioridade não vai ser ter um bom computador e uma internet rápida.
O que homens podem fazer para promover mulheres na tecnologia?
Por serem maioria na tecnologia, os homens têm forte papel para impulsionar as mulheres na tecnologia. Vejamos como:
Empresas
Incentivar a participação das mulheres dentro da empresa é uma ótima opção para começar a promover as mulheres na tecnologia. De acordo com a consultoria Boston Consulting Group, apenas 9% das empresas de tecnologia possuem mulheres CEOs. Pegando este dado como exemplo, é possível endossar o contraste entre homens e mulheres na tecnologia.
Nessa lógica então, uma vez que que homens são maioria, eles também precisam criar ações de incentivos de contratação. Isso é positivo tanto para a promoção de mulheres na tecnologia quanto também para a representatividade.
Quando meninas e mulheres começam a ver outras mulheres ocupando um lugar, elas começam a enxergar que podem ocupar e pertencer àqueles espaços. Por isso é importante sempre ter representatividade em todas as áreas da empresa.
Infância e adolescência
Além disso, o incentivo às mulheres pode começar muito antes do mercado de trabalho. Professores (homens ou mulheres) conseguem observar melhor a capacidade de cada aluno e o que ele tende gostar mais. Ao notar meninas com aptidão para a área tecnológica, é muito válido que o professor continue incentivando para que ela queira aprender e se desenvolver mais.
Durante cursos profissionalizantes, criar programas de estudos voltados para a área tecnológica e incentivar a criação de projetos em grupos com diversidades também pode preparar os alunos para estarem sempre abertos a todas as opiniões.
Outra maneira de incentivar é criando bolsa de estudos para que pesquisas continuem sendo desenvolvidas e que os estudantes continuem focados em seu crescimento profissional.
Assim, mulheres terão maior incentivo para criar novos projetos. Sem contar que, tendo essa integração desde a época da escola faz com ela entenda que pertence àquele lugar e que suas opiniões importam e precisam ser ouvidas também.
Apoio a ONGs
Existem muitos movimentos sociais que buscam colocar meninas e adolescentes em contato com a tecnologia. E é possível contribuir sendo um participante da ONG ou então financeiramente.
O apoio financeiro a ONGs pode parecer uma forma menos proativa de ajudar, mas não. O impacto que isso gera é imensurável. Se tratando de espaços que estão constantemente em contato com a causa, empoderá-los é uma excelente forma de contribuir.
Como promover mulheres na tecnologia
A infância e adolescência das meninas
Como dito anteriormente, incentivar as meninas desde cedo faz com que elas desenvolvam mais o raciocínio lógico e se sintam parte do ambiente tecnológico. É preciso mostrar para elas que elas são tão capazes quanto qualquer outra pessoa e que é normal cometer erros durante todo o processo.
Esse incentivo precisa acontecer independente da classe social. Por isso, escolas públicas e particulares precisam desenvolver formas que aproximem as meninas da tecnologia. Seja a partir de aulas de informática, cursos extracurriculares ou até mesmo atividades em sala de aula. Para ter interesse por uma área, a criança precisa ter contato e experimentar.
Facilite transição de carreiras
A orientação aqui cabe tanto para empresas quanto para mulheres que estejam planejando suas transições.
Começando por elas, mudar de carreira pode parecer assustador quando você sente que já tem uma boa estabilidade na área que você está hoje, mesmo que o sentimento com a área seja de insatisfação. Por isso, se preparar com antecedência é essencial.
Para facilitar a transição de carreira é recomendado ter uma reserva financeira, para que você possa se dedicar melhor à sua transição sem se preocupar com dinheiro. Preparar um plano de carreira ou encontrar uma empresa que tenha também ajudará a ter um caminho dentro da área que você deseja mudar.
Durante a transição é importante estudar e se especializar na área que deseja. Se ainda não tem muita ideia por onde começar, uma boa dica é olhar os pré-requisitos pedidos nas vagas e partir daí para estudar o que você precisa melhorar.
Agora, em relação às empresas, investir em capacitação por meio de bootcamps e estágios é uma boa iniciativa, assim como capacitar os próprios funcionários a partir de cursos.
As empresas podem oferecer essa transição de forma interna também. Muitas empresas, antes de lançar a vaga para novas pessoas, lançam a vaga para os próprios colaboradores para ver se alguém tem interesse e é qualificado. Isso pode ajudar muito quem procura fazer essa transição de carreira, especialmente quem já se sente à vontade na empresa que está atualmente.
Criando vagas dedicadas
Se a questão é sanar essa desigualdade entre gêneros dentro da empresa, a melhor forma é criar cargos específicos para isso. Lançar vagas de empregos específicas para mulheres é um bom início para a empresa que procura impulsionar mulheres na tecnologia e sua equipe.
Não tem como incentivar a mulher a entrar em uma carreira se ela olhar em volta e ver que não tem espaço para ela. Por esse motivo, esses espaços precisam ser criados. Como consequência, outras mulheres começarão a notar que uma empresa tem mais espaço para mulheres e terá maior interesse em se candidatar a futuras vagas. Tanto a empresa quanto as mulheres ganham dessa forma.
Mudanças já estão sendo feitas dentro das empresas, sendo um exemplo o Zé Delivery, que criou como meta para 2021 o aumento de mulheres em cargos de liderança dentro da empresa.
Disponibilizando conteúdo didático
Muitas pessoas dizem ter começado a aprender um pouco mais sobre a área tecnológica a partir de conteúdos na internet. Hoje em dia, existem diversos canais no Youtube que oferecem conteúdos gratuitos ensinando como começar a programar, por exemplo.
Com isso, fica notável como é importante disponibilizar conteúdos didáticos para que as mulheres tenham acesso a esses assuntos, seja por meio de livros, cursos gratuitos ou mais acessíveis, textos na internet ou até mesmo vídeos. Quanto mais contato com a área, mais ela vai conseguir aprender e se especializar.
Abraçando a diversidade
Se a falta de oportunidades para as mulheres na tecnologia são grandes, o volume de vagas é ainda menor quando se trata de mulheres não-brancas e mulheres trans.
Abraçar a diversidade vai muito além de abrir vagas dedicadas às mulheres. A cultura e os valores da empresa também precisam estar alinhados para que seja um ambiente saudável para todas as pessoas.
Por isso, é necessário cuidar das relações dentro da empresa e como as pessoas agem quando presentes com diversidades de pessoas e vivências. Caso problemas sejam encontrados, a empresa precisa agir para que seja resolvido e que não volte a acontecer. Dessa maneira, as pessoas verão sua empresa como um bom ambiente para trabalhar e que se preocupa com os funcionários.
A recomendação é instalar nas empresas os Comitês de Diversidade para que possam monitorar e propor mudanças nas empresas. Eles também são responsáveis por colher feedbacks sobre a empresa e acolher os colaboradores de forma que a diversidade realmente seja exercida.
Promovendo bootcamps
Uma ótima forma de conseguir impulsionar mulheres na tecnologia é através de bootcamps. Esses eventos servem para como cursos imersivos para que as pessoas entrem a fundo em assuntos relacionados à área que desejam atuar, aprendendo com profissionais da área a como melhorar suas habilidades.
Importante ressaltar que os camps ajudam bastante na transição de carreiras. Eles também servem para a atração de talentos nas empresas de tecnologia.
Pensando em incentivar ainda mais as mulheres na tecnologia, a Usemobile está com a sua segunda edição do bootcamp Use Academy, este apenas para mulheres, o “Code Like a Girl_”.
A melhor parte é que, ao fim dos estudos, as que se destacarem dentro de cada trilha serão contratadas para trabalhar na Usemobile.
Dessa forma, o Bootcamp oferecerá estudos e experiências, fazendo com que as mulheres saiam do Bootcamp preparadas para o mercado de trabalho. Isso sem contar que ainda incentiva a contratação de mulheres para as equipes tecnológicas da empresa e a profissionalização para ingressarem em outras vagas.
Quer colaborar para o aumento de mulheres na tecnologia? Indique o bootcamp da Usemobile para sua amiga ou se inscreva no Use Academy. Aproveite também para conhecer como foi a primeira edição do Bootcamp da Usemobile.